Recentemente eu passei para vocês a observação de que há pessoas que acreditam que algumas outras pessoas "merecem" ter dor e sofrimento em suas vidas. Há alguns anos, houve até aqueles que disseram que a AIDS era uma "Punição de Deus" para vidas que não caminhavam de acordo com a Vontade de Deus. Outros argumentaram do mesmo jeito sobre formas diferentes de dor e sofrimento. É a Vontade de Deus. É a Punição de Deus.
É assim que funciona? Pessoas fazem coisas "ruins" e Deus as pune? Ele dá a elas dor e sofrimento aqui na terra e as manda para o inferno depois que elas morrem?
O que dizer sobre a dor e sofrimento de pessoas maravilhosas, como minha avó, que sofreu um derrame e viveu os últimos anos de sua vida com muito sofrimento e debilidade? Qual era o propósito de Deus ali?
O terremoto no Chile, quatro semanas atrás, foi o que trouxe tudo isso para mim novamente --- e o tsunami no Havaí que "nunca aconteceu", embora por um momento todos nós pensamos (minha esposa e eu estávamos em Big Island na época) que estávamos com grandes problemas...
Por que algumas pessoas estavam no caminho do perigo e outras não? Como o Destino decide essas coisas? Há algum sentido ou razão? Há algum ponto ou propósito?
Não. Não há, e precisamos ter clareza de que não há. Não no sentido que muitas pessoas dão quando pensam que há algum "propósito" para isso tudo.
Pois para haver algum "propósito", teria que haver uma pessoa, um ser, que DÁ um "propósito" a tudo. Não existe essa pessoa ou ser. Algumas pessoas descordam de mim nisso. Elas dizem que a Pessoa ou Ser é Deus. Eu digo que Deus não é uma "pessoa" ou "ser", com coisas que agradam e desagradam, frustrações e ressentimentos, uma necessidade de julgar e punir, e uma programação para a humanidade e para cada pessoa na terra.
Eu estou sugerindo a você que "Deus" é uma Essência inexprimível - o que os Upanishades chamam Brahman - que permeia o Universo; que É o Universo, e todas as coisas, visíveis e invisíveis. Eu estou sugerindo que Brahman é Pura Inteligência, e que Brahman é um Processo. Eu estou sugerindo que é o Processo chamado Vida.
A Vida não tem uma preferência sobre como a Vida Se expressa. A vida sempre foi, é agora, e sempre será --- então a Vida não está preocupada com aquilo que chamamos de "morte", e não demonstra interesse nisso. Se você morre, você morre. Se você vive, você vive. Em ambos os casos você continua a Ser.
Você não pode NÃO Ser, então a Vida (Deus) não tem interesse, preocupação ou agitação sobre se você vai Ser ou não. A Vida também não tem uma preferência de como o seu Ser se expressa. Só você tem. Porque você pensa que você É, e a verdade é, você Não É.
Ou seja, você pensa que você é "você", e a verdade é que você não é quem você pensa que é, você não é "você", mas, mais exatamente, aquilo que engloba você. O "você" que você pensa ser é simplesmente um conglomerado daquilo que engloba você, tornado denso em uma forma particular. Colocando nos termos da série Conversando com Deus: Você é uma Individuação da Divindade, uma Singularização da Singularidade. Você é um Processo, não uma Pessoa. E esse Processo continuará para sempre. Ele é chamado Vida. Neste caso, a Vida se manifestando na forma que você chama "você".
Mesmo essa forma não é uma forma de mais do que um milionésimo de um nano-segundo. Por isso eu disse que "você é um Processo, não uma Pessoa." O "você" que Você É está constantemente mudando de forma. Como uma chama queimando no topo de uma vela. A chama é a mesma na Hora 2 que era na Hora 1? É a mesma chama de momento em momento? Não. Ela não pode ser. Pois a chama queima a si mesma ao mesmo tempo que está sendo o que é. Ela está, então, dando fim a sua Forma Presente a cada Momento Presente.
Uma chama é a manifestação externa do consumo do combustível. Quando o combustível termina, a chama desaparece. No caso de Quem Você É, o combustível nunca termina, então a chama que Você é nunca desaparece. Mas também nunca permanece a mesma. Neste sentido, "você" não é. Você só é o que é Exatamente Agora. E então, Exatamente Agora. E então, Exatamente Agora. Você não pode permanecer igual nem mesmo por um milionésimo de um nano-segundo. Então, que É você, afinal...?
Há uma continuidade para "você", embora "você" esteja diferente e mudando a cada momento. O que é essa Continuidade? É Atman (NT - palavra em Sânscrito que significa alma ou sopro vital)? Se for, Atman tem uma função a executar para determinar se você morre em um terremoto ou um daqueles poupados do "tsunami que nunca houve"? O que determina quem vive e quem morre?
Eu darei a você uma resposta estonteante para essa pergunta. Não existe tal coisa como 'viver' e 'morrer.' Alguém pode muito bem perguntar, "O que determina quem 'é' e quem 'não é'?" Mas nada não É, então não há nada nem ninguém 'determinando' quem é e quem não é.
Certo, você pode dizer. Mas certamente existe algo como mudar de forma. Todos nós podemos viver para sempre, podemos Sempre Ser, mas quem ou o que determina a Forma que tomamos de momento a momento? Aqueles que morreram nos terremotos do Haiti e Chile continuam a existir, mas mudaram de Forma. Aqueles que viveram por causa do "tsunami que nunca houve" no Havaí continuam a existir na mesma Forma. Quem ou o que decide que Forma a Existência toma de momento a momento?
Eu darei a você uma resposta estonteante para essa pergunta. Não existe tal coisa como 'tempo', então o Ser que Você É toma Todas As Formas Ao Mesmo Tempo. É simplesmente uma questão de para qual Forma você está dando atenção, que Forma você está escolhendo experimentar, naquela parte do Sempre que você chama de Agora.
A Fórmula de Brahman, que chamou a si as pessoas no Haiti e Chile que "morreram" nos terremotos, focou sua atenção na fisicalidade e não-fisicalidade (ou seja, "viver" e "morrer"), do jeito que fez durante esses terremotos, para que Brahman em Si pudesse Conhecer a Si Mesmo em Sua Própria Experiência COMO AQUILO.
Isso tudo é parte de um processo sagrado que Conversando com Deus chama de "Deus sendo", ou, com sua licença, Brahman Sendo. Sendo o quê? Sendo tudo. Tudo ao mesmo tempo. Sendo vida. Sendo morte. Sendo bom. Sendo ruim. Sendo ligeiro, sendo lento; sendo em cima, sendo em baixo; sendo grande, sendo pequeno; sendo homem, sendo mulher; sendo tudo de Si. Sendo, literalmente, Tudo De Si Ao Mesmo Tempo.
Ufa. Ceeeeeerto...
Então o que dizer sobre como nós, aqui e agora, experimentamos a vida? Você me diz.
Não, eu penso isso literalmente. Você me diz. Pelos seus pensamentos, suas palavras e suas ações, você me diz, todos os dias de sua vida, o que dizer. Você também diz para si mesmo. Você literalmente diz para sua própria mente o que pensar sobre tudo isso. Você está fazendo isso exatamente agora. Observe-se. Você está lendo isto e está dizendo a sua própria Mente o que pensar sobre o que está lendo. Ou, está dizendo a si mesmo, "Eu simplesmente não sei o que pensar."
Tradução: Nada tem qualquer significado além do significado que você dá.
Agora, deixe-me dizer aqui que eu acolho a tradição e ensinamento dos Upanishades sobre Atman --- a Alma; uma parte de nós que vive para sempre, mantendo sua Essência e abandonando sua Expressão Individual dessa Essência durante o Samadhi (União com o Todo), depois abandonando outra vez, repetidamente, através de toda a Eternidade num Ritmo Divino que perpetua a Perpetuação Em Si.
Eu acolho a noção de que o propósito de tudo isso é permitir que Deus conheça a Si Mesmo em sua própria experiência, como eu disse antes. Isto é feito através do processo das Almas Individuais evoluindo e experimentando mais e mais do que elas Sempre São. Eu acredito que as Almas escolhem e criam as circunstâncias Certas e Perfeitas que permitem que elas façam isso.
Para tornar isso tudo mais simples, algumas Almas "morrem" e algumas "vivem" porque é perfeito para elas fazerem isso naquela porção de Todo o Tempo que elas chamam Aqui Mesmo, Agora Mesmo. Quando elas "morrem", percebem que não "morreram", mas continuam a viver para sempre. Então elas decidem (depois de emergir de novo do momento do Samadhi) que aspecto de Quem Elas São desejam experimentar a seguir --- tanto como seu "antigo ser" (a pessoa que elas eram antes de "morrer") ou como um novo e diferente ser (o conceito conhecido como reencarnação como outro ser individual).
Explicando melhor, eu entendo que as almas têm a habilidade de retornar à Sempre Eterna Linha do Tempo em qualquer ponto, em qualquer Forma que desejem --- inclusive a Forma que elas acabaram de deixar para trás. Colocando de maneira simples, você pode viver como o "você" que imagina Ser repetidamente, experimentando a Vida em centenas de milhares de momentos diferentes em centenas de milhares de maneiras diferentes, até que tenha experimentado e expressado o Ser nessa Forma particular no nível de absoluta Divindade. E mesmo nesse momento você pode continuar voltando para experimentar isso enquanto desejar.
Ou... você pode voltar em outra Forma (isto é, como outra pessoa) e experimentar a Vida nessa Forma o número de vezes que desejar. No final, você compreende que você é a Vida em Todas As Formas Todo O Tempo. Você é Sempre Tudo, e você é Tudo De Todas as Formas.
Em outras palavras, você é Deus sendo.
Certo, isso é bastante esoterismo para uma semana. Mas como fazer com que qualquer dessas coisas funcionem para nós de uma maneira prática durante Esta Vida, Aqui e Agora? Esta é a questão. E isso é o que veremos na Parte II desta série.
Amor, Seu Amigo...
domingo, 4 de abril de 2010
PRESENTES E TRAGÉDIAS DA VIDA - Parte I
De: Neale Donald Walsch
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