sábado, 6 de março de 2010

DEIXE QUE O CASO DE AMOR ENTRE A CRIANÇA E DEUS ACONTEÇA POR SI SÓ




Pedir a uma criança para acreditar em Deus é um absurdo, o mais completo absurdo - não que Deus não exista, mas porque a criança ainda não sentiu essa necessidade, esse desejo, essa carência.
Ela não está pronta para sair em busca da verdade, a verdade suprema da vida. Ela ainda não está madura o suficiente para indagar sobre a realidade da existência. Esse caso de amor tem de acontecer algum dia, mas só poderá acontecer se nenhuma crença lhe for imposta.

Se ela for convertida antes que se manifeste a vontade de explorar e de saber, então toda a sua vida será vivida de maneira falsa; ela irá viver uma pseudovida.

Sim, a criança vai falar de Deus, porque ela ficou sabendo da existência de Deus. Ela ficou sabendo de maneira autoritária; ela foi informada por pessoas que eram muito poderosas na sua infância - os pais, os padres, os professores.

Ela ficou sabendo por pessoas e acreditou; era uma questão de sobrevivência para ela. Ela não podia dizer não a seus pais, porque sem eles ela não teria sido capaz de viver. Era muito perigoso dizer não, ela tinha de dizer sim. Mas esse sim não podia ser verdadeiro.

Como poderia ser verdadeiro? Ela disse sim apenas como um expediente político, para sobreviver. Vocês não a converteram numa pessoa religiosa; vocês a converteram num diplomata, vocês criaram um político. Vocês sabotaram o potencial dela para se tornar um ser autêntico. Vocês a envenenaram.

Vocês destruíram a própria possibilidade da inteligência dela, porque a inteligência surge apenas quando surge a vontade de aprender. Agora, a vontade nunca surge, porque, antes que a pergunta tomasse forma em sua alma, a resposta já havia sido dada.

Antes que ela tivesse fome, o alimento entrou forçado dentro do seu ser. Agora, sem fome, esse alimento forçado não pode ser digerido; não há fome para digeri-lo. É por isso que as pessoas vivem como canos através dos quais a vida passa como um alimento não-digerido.


Osho, em "Intimidade

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