quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

ONDE ESTÁ DEUS?

Por Geoffrey Hoppe

Em meio ao caos do mundo e guerras sangrentas, perguntamos: "Onde está Deus?" Quando violentos terremotos destroem as vidas de milhares de pessoas, perguntamos: "Onde está Deus?" Quando um ente querido é morto por um motorista bêbado perguntamos, “Onde está Deus?" Quando lemos histórias nos jornais de crianças abusadas ou mulheres violentadas, perguntamos “Onde está Deus”. Em nossa pessoal noite escura da alma, quando tudo parece ter falhado e nossa vida parece nada mais do que um vazio, clamamos a Deus, mas não ouvi nenhuma voz – nem a nossa própria, nem a de Deus.

Onde está Deus? Buscamos esse elusivo Ser em igrejas e livros, tentamos achá-lo através de gurus e santos. Muitas vezes, é nosso primeiro pensamento do novo dia e nosso último pensamento antes de desvanecer em nossos sonhos noturnos. Apelamos para o Espírito em nossas orações, em nossas meditações e através de nossas lágrimas. Temos muitos nomes para este Ser – Espírito, a Fonte Eterna, YHWH, Deus, Criador, Luz, Ishvara. Alguns negam a existência de Deus, mas a maioria reconhece a presença de um ser divino, Ser infinito, mesmo que eles nunca tiveram um encontro consciente com Aquilo Que Não Pode Ser Falado.

Alguns argumentam que Deus é a natureza. Outros dizem que Deus está dentro de nós. Mas quase todos passam os dias de suas vidas sem um relacionamento íntimo com esse ser. A maioria tem um profundo desejo de coração a conhecer a Deus, mas se resignam a aguardar até que atinjam um igualmente desconhecido reino celestial.

Deus está aqui, eu sinto, aqui mesmo nesta realidade física. Dentro de mim, ao meu redor, em outras pessoas, na natureza e nas dimensões que nos cercam. O Espírito está em todo ar que eu respiro, a cada passo que eu ando, a cada minuto que passa pelo meu dia.

Mas, onde está Deus? Por que Deus não apareceu para mim? Por que, eu me pergunto, eu não posso ir além do meu estado mental de estar a compreender, conhecer, ver e ouvir a partir deste Ser que eu quero tanto lembrar. Se eu amo tanto a Deus porque, oh porque, está sendo tão elusivo?

Eu sei por quê. Estou surpreso que eu ainda tenha que fazer a pergunta, mas, infelizmente, eu finjo que não sei. Saí hoje cedo em uma bela tarde de inverno do Colorado para curtir um cigarro tranquilamente. Eu nem estava pensando na pergunta "Onde está Deus". Eu não sei o que eu estava pensando, mas não era nada de importante.



Eu suponho que fiz a pergunta "Onde está Deus" tantas vezes que ela finalmente teve que ser atendida. E assim foi. Mais uma vez. Talvez desta vez eu não esqueça, porque eu estou escrevendo-a.

Deus está sempre aqui. Mas a luz do Espírito é de tal simplicidade, pureza e intensidade que ela se desintegraria se eu viesse a contemplá-la. É de tal amor e compaixão que eu iria quebrar em sua presença. É de tal magnitude que iria eliminar a minha escuridão – uma parte de mim que tem sido desenvolvida por eons de tempo – e temo que nada fosse deixado de mim.

A essência de Deus suavemente me sussurrou: "Ame-se, como eu amo você, então você pode me ver. Ame-se a si mesmo e você vai se lembrar de mim.”

A luz do Espírito é magnífica. Fechamos a porta com medo de que ele irá nos aniquilar se atingirmos mesmo o vislumbre mais pequeno. Nós trancamos a porta, mesmo quando gritamos para conhecer a presença do Espírito. Voltamos para o nosso cotidiano nos perguntando, "Onde está Deus?" Em nossa rotina mais uma vez nos esquecermos de amar os nossos eus. Nós vamos voltar a estudar Deus, perguntando aos outros se eles sabem onde está Deus, e buscando a Deus em coisas externas. Deitamos de noite esperando que, no dia seguinte, vamos finalmente conhecer o amor de Deus.

Finalmente, quando nossa ânsia por Deus é superada pelo nosso amor pelo eu, por si mesmo, conhecemos o incognoscível.



Tradução : Silvia Tognato Magini
silvia.tm@uol.com.br

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